quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013





Por : Marcos Braga Júnior - Campinas - SP

IN MEMORIAM (A Lenda Viva)
"Great is the feeling for he who conquers every test;
Proud is the one whose good name travels far and fast" 

Este artigo é  parte dos Tributos ao Grão Mestre Brendan Lai, Campinas - SP

Brendan Lai Si-Gung

Um mar aberto se interpõe aos extremos do mundo.
E, há um tempo, limite, fronteira, e travessia e comunhão de espírito, é este firmamento, na distância, o guardião tenaz dos nossos horizontes.

Inextinguível universo fecundo reina soberanamente oculto, para além destas águas cambiantes, mensageiras, cuja notícia imaginosa nos trazem, qual se nossas vistas transportassem, num sobressalto, a percorrer o vasto império de dragões e leões que dançam, tigres que atacam, serpentes que espreitam, macacos que saltam, águias que voam e insetos que superam poderes, tamanhos e talentos, num brilho, num surgimento cintilante de dentro dos caminhos mais discretos da natureza, para a perspicácia única dos monges mais contemplativos e o silêncio reverencioso de todos. Esse universo natural e mítico jaz secretamente além das nossas mentes navegantes, e muito embora investidos de um interesse e curiosidade ardentes, vezes sem conta estacamos nas barreiras mais externas desse monumento, desse palácio antigo que é a cultura chinesa, como que ao pé de seus largos portões de ferro, de seu frontispício, entregues a decifrar, custosamente, suas herméticas inscrições.

Significativos atos de bravura concorrem para o desafio da comunicação, do alcance, do conhecimento; nossa ascendência cruzara os oceanos outrora, facultando-nos as iniciais impressões, e nos legando especiais exemplos concretos de beleza e iguarias. As viagens de hoje dão-se noutro firmamento. O anunciar da vivência chinesa ecoa através de ondas invisíveis, que agora conseguimos captar dos infinitos ares, e pelos mesmos ares podemos ir ao seu encontro. Inversamente – e para o nosso inteiro júbilo – um nobre peregrino aceitou, certo dia, aportar em nossas paragens; singrando os céus, num trajeto de sete estrelas, deixou momentaneamente suas andanças no Norte para brindar o Sul com sua excelência, sua fama longínqua e seu arcabouço de riquezas e novidades. Ditou-nos histórias, sagas, experiências; partilhou de seus mistérios e elucubrações; lançou os alicerces de uma ponte sólida, de um laço possível entre os rincões já não mais ilhados, e sim, contíguos. Seu nome percorrera até então muitos lugares e em nossa terra, igualmente, atraiu diversas atenções. Tal como uma lenda viva, como um poema solto à vaga do tempo, de autoria reclusa aos recuos obscuros da origem, cujos versos repetidos, entoados, mais e mais encarnam as feições da tradição imorredoura, da imagem do grande Louva-a-Deus presente a toda luta, a toda festa, a toda arte.

Usavam chamá-lo mãos-de-relâmpago. E um curto período fora bastante para se aquilatar a justeza e a feliz propriedade de semelhante alcunha para quem é o espectro vibrante do fluxo veloz, da alternância implacável e fabulosa entre a inércia serena e o movimento fulminante; quem, nas correntezas do convívio diário era meditação ciosa e imperturbável (por vezes alheia) e absoluta espontaneidade, quietude monástica e riso irrompido, essência insondável para as mais votadas e argutas observações. Na transmissão de sua mensagem, de seus ensinamentos, a mesma e inconfundível naturalidade, traduzida na sensível paciência para com as primeiríssimas incertezas, os embotamentos, os gestos acanhados, e no contagiante entusiasmo ante a expressão mais firme dos rasgos algo indistintos, involuntários ainda, de cada postura pouco mais próxima das articulações do majestoso inseto. Solícito aos melhoramentos destacados, primava sobremaneira pelas evoluções em conjunto, pelo gong fu em nós, num compasso esmagador e sísmico, num ritmo magnético, como as forças maiores do abismo e do espaço, na duração interminável de um trovão surdo...


A luz do Oriente conquistara, enfim, o maravilhamento dos nossos olhos distantes e arredondados, pelas numerosas viagens de parte a parte, em duplo sentido, fazendo fulgir suas cores, seus sons, sua vivacidade cinética, fluida, abrindo em sucessivos raios imensas clareiras, no interior das quais toda uma existência magistral se revela, para o nosso vislumbre e engrandecimento. O Instituto de Gong Fu Brendan Lai tem, no Brasil, sua clareira, impressa sob o fulgor radioso de um inestimável relâmpago: Lai Dat Chung Si-Gung.


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